Alquimia da Alma: Psicologia Transpessoal, Vidas Passadas e Tarot

27-08-2025

A fusão alquímica como metáfora

Na tradição alquímica, nada se cria apenas pela soma dos elementos: é preciso submetê-los ao fogo, dissolvê-los e recombiná-los até que surja uma nova substância. É o processo de solve et coagula – dissolver para recompor.

Quando falamos da fusão entre psicologia transpessoal, terapia de supostas vidas passadas e Tarot, falamos exactamente deste movimento. Não se trata de usar técnicas em paralelo, mas de permitir que desse encontro surja um novo corpo terapêutico, uma prática viva, capaz de tocar as feridas mais profundas da alma.

Psicologia transpessoal: para além do ego

A psicologia transpessoal expande o olhar da psique para além da identidade actual. Ao invés de se limitar ao ego e às experiências desta vida, abre espaço para dimensões espirituais e para narrativas simbólicas que parecem emergir de outras existências.

As chamadas "vidas passadas", neste enquadramento, não são obrigatoriamente tomadas como factos históricos. São realidades psíquicas: mitos pessoais carregados de emoção, que dão forma a padrões ainda ativos na vida presente.

Aqui, o trabalho terapêutico não é "viajar ao passado" mas descodificar símbolos que a alma guarda em silêncio. A regressão funciona como uma lente para revelar esses enredos invisíveis, transformando-os em linguagem consciente.

O Tarot como espelho da alma

É neste ponto que o Tarot, em particular os Arcanos Maiores, se revela um instrumento precioso. Cada carta é um arquétipo, uma porta de entrada para o inconsciente colectivo.

No método Ecos da Alma – Tarot da Última Vida, cada lâmina abre uma dimensão específica:

  • Quem fomos: a identidade simbólica de uma vida anterior;

  • Que provas enfrentámos: os desafios e as feridas;

  • Que lições aprendemos: o propósito daquela existência;

  • Como tudo ressoa hoje: os ecos que ainda moldam a nossa caminhada.

Assim, o Tarot não é apenas um instrumento de previsão, mas um espelho alquímico: reflecte imagens que despertam memórias, emoções e intuições. Funciona como catalisador da regressão e ponte entre passado simbólico e presente real.

O olhar de Jung sobre símbolos e arquétipos

Carl Gustav Jung foi pioneiro no reconhecimento do poder transformador das imagens. Através da sua psicologia analítica, deu-nos o conceito de inconsciente colectivo e de arquétipos. Trabalhou intensamente com mitologia, religião comparada, astrologia e sobretudo com alquimia, vendo nestes sistemas metáforas da psique.

Contudo, é importante sublinhar: Jung nunca trabalhou com o Tarot de forma sistemática. Encontramos alusões pontuais, interesse pelo simbolismo e até paralelos arquetípicos, mas nunca o usou como ferramenta clínica.

Apesar disso, o pensamento junguiano é profundamente convergente com o Tarot: ambos se apoiam na ideia de que a imagem simbólica é mensagem do inconsciente. Por isso, integrar Jung nesta fusão é quase natural: ele dá a linguagem teórica que sustenta aquilo que o Tarot já encena visualmente.

O processo alquímico da cura

Nesta fusão entre psicologia transpessoal, regressão e Tarot, o percurso terapêutico pode ser visto como uma verdadeira obra alquímica (opus magnum):

  • Nigredo – mergulho na dor, no bloqueio, na sombra que traz o paciente.

  • Albedo – clarificação: a narrativa da vida passada emerge, iluminada pelas cartas e pela regressão.

  • Rubedo – integração: a memória transforma-se em sabedoria, o peso em liberdade, o padrão em consciência.

No fim, não importa se a vida passada foi "real" no sentido histórico. O que importa é a sua verdade simbólica, que ao ser reconhecida permite ao indivíduo reconciliar-se consigo mesmo.

Conclusão: ecos que se tornam voz

A fusão harmoniosa entre psicologia transpessoal, terapia de supostas vidas passadas e Tarot não é uma colagem artificial. É um laboratório da alma, onde a dor é transmutada em insight e a memória em revelação.

O Tarot dá a imagem.

A regressão dá corpo à narrativa.

A psicologia transpessoal garante o espaço de integração.

E desse encontro nasce algo maior: um caminho onde os ecos da alma se uma tornam voz presente, guiando-nos na via de sermos inteiros.

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