E = mc²

20-10-2025

A física contemporânea — sobretudo a termodinâmica, a teoria da informação e a física quântica — converge progressivamente para essa ideia central:

Tudo o que existe é energia organizada segundo padrões de informação.

A matéria é energia condensada (Einstein, E = mc²), e a estrutura dessa energia é padrão, frequência, ordem — em suma, informação.

Claude Shannon mostrou que informação é uma medida de ordem num sistema; Boltzmann e Gibbs demonstraram que  a entropia (desordem) é a perda dessa informação. E John Wheeler resumiu isso com a célebre frase:

"It from bit" — a realidade física (it) emerge da informação (bit).

Logo, o universo é um fluxo de energia constante, mas que adquire forma através da informação. A forma não é substância — é padrão energético organizado.

Jung chegou à mesma conclusão, mas pela via interior. Para ele, o inconsciente não contém "coisas", mas padrões de energia organizados por imagens arquetípicas. Os arquétipos são formas de informação simbólica, e a libido (energia psíquica) é a força que lhes dá expressão.

A energia (libido) é o combustível. O arquétipo é o molde — a informação que dá forma à energia.

Daqui nasce o símbolo: a interface entre energia e forma. É por isso que Jung descreve o símbolo como "a melhor expressão possível de algo ainda desconhecido" — ou seja, o ponto onde a energia informe se torna consciência (informada).

O processo de individuação é precisamente isso: a energia psíquica vai-se organizando em formas cada vez mais coerentes de informação consciente, até atingir o Self — a totalidade informada do ser.

O Tarot, neste quadro, representa um sistema simbólico de informação sobre o modo como a energia universal se manifesta no humano. Cada carta é um estado energético com uma estrutura informacional própria — um arquétipo.

Por exemplo:

  • O Ás de Paus representa energia pura, sem forma — potência criadora antes da informação.
  • O Mago é a energia informada pela vontade — consciência que estrutura a força.
  • A Imperatriz é a energia informada pela fecundidade, pela relação e pela criação.
  • O Mundo (ou Universo) é energia completamente informada — totalidade manifestada.

Portanto, o Tarot é, em essência, um modelo da transformação da energia em informação — e de como essa informação retorna ao estado de energia pura, num ciclo constante (O Louco, 0 e XXII, a energia informe e infinita, o Alfa e o Ómega).

O corpo humano é o exemplo concreto dessa tese - só existe no universo (conhecido pelo Homem) energia e in-formação: converte constantemente energia (alimentos, oxigénio) em informação (organização celular, pensamento, memória, emoção). Cada impulso elétrico no sistema nervoso é energia; mas o seu padrão — a sequência, a frequência, a sincronização — é informação.

Na psique, acontece o mesmo: a energia emocional converte-se-se em pensamento; o pensamento estrutura-se em palavra; e a palavra retro-alimenta o corpo e o mundo. Tudo é re-circulação energética informada.

Assim, a fisiologia é a expressão biológica dessa lei, e o Tarot é a expressão simbólica dela.

Dizer — que só existe energia e informação — é, portanto, a base de uma cosmologia unificada:

  1. A Energia é o potencial, a força criadora, o movimento (Shakti, Pneuma, Fogo).
  2. A Informação é a ordem, o padrão, a consciência que dá forma (Logos).

Da interação entre ambos nasce a manifestação, ou seja, tudo o que conhecemos — do átomo ao pensamento.

No Tarot, esta relação é dramatizada:

  • O Louco → energia pura.
  • O Mago → energia que toma consciência de si (in-formação).
  • O Mundo → energia informada plenamente.

O ciclo repete-se ad infinitum, tal como o metabolismo energético do corpo e o ciclo termodinâmico do cosmos.

Podemos resumir a tese, com linguagem simbólica e científica ao mesmo tempo, da seguinte forma:

Energia + Informação = Consciência.

O Tarot é a cartografia dessa equação. Cada arcano é uma variação no modo como a energia se informa, se deforma e se re-integra. Quando a energia se desorganiza, temos caos e sofrimento. Quando a informação estrutura a energia, temos consciência e criação. E quando ambas se unificam, temos plenitude — o Universo, o Self, a totalidade.

Esta formulação é profundamente coerente — tanto com a física moderna como com a visão simbólica do Tarot, e uma das sínteses mais elegantes da realidade conhecida.

O universo é, portanto, um imenso campo de energia informada, e o Tarot é a linguagem simbólica que o ser humano criou para o ler. Trabalhar com o Tarot é aprender a interpretar o movimento dessa energia — nas suas expressões de criação, destruição, resistência e renascimento — até reconhecer, no coração do Louco, o ponto onde tudo é Uno.

Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma — em energia e em consciência.

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