O Tarot como Hermenêutica: Explorar Significados através da Filosofia

11-10-2024

Para considerar o Tarot como uma hermenêutica — ou seja, como uma prática interpretativa de símbolos e significados profundos — recorri a três autores em Filosofia (Michel Foucault, Hans-Georg Gadamer e Paul Ricoeur), cujas contribuições são muito relevantes no campo da interpretação. Importa ressaltar que as ideias desses filósofos nunca se dirigiram ao Tarot; porém, alguns dos seus conceitos podem ser adaptados para iluminar a prática de leitura de Tarot como uma forma de interpretação simbólica e narrativa. Abaixo, destaco os pontos mais importantes de cada autor, aplicados ao contexto de uma leitura de Tarot:

1. Hans-Georg Gadamer – Verdade e Método

Fusão de Horizontes: Gadamer afirma que a interpretação envolve uma fusão entre o horizonte do intérprete e o do texto. No Tarot, isso ocorre no diálogo entre o tarólogo e o consulente, onde suas experiências e percepções se mesclam para dar sentido aos símbolos das cartas. Cada leitura é única, resultando da interação entre essas diferentes perspectivas.

Preconceitos Positivos: Segundo Gadamer, os preconceitos do intérprete podem ser produtivos se reconhecidos e incorporados. Na leitura de Tarot, o tarólogo deve estar consciente de seus próprios filtros e como eles afetam a interpretação, usando-os como parte do processo interpretativo.

A Importância do Diálogo: O diálogo é central para a interpretação em Gadamer. No Tarot, a conversa ativa entre consulente e tarólogo é essencial para a construção de significado, onde o consulente contribui com seus contextos e o tarólogo facilita a exploração desses significados.

2. Michel Foucault – O que é um Autor

Função Autor: Foucault desafia a noção de um autor central como fonte única de significado. No Tarot, isso se traduz na ideia de que as cartas não têm um significado fixo, estabelecido por uma única autoridade. O tarólogo não é o criador definitivo de significados, mas um facilitador que explora possibilidades de interpretação junto ao consulente.

Dispersão do Poder de Interpretação: O poder de interpretação, segundo Foucault, está distribuído entre diversos elementos. No Tarot, isso se reflete no fato de que o significado emerge da interação entre cartas, tarólogo, consulente e contexto, configurando uma experiência interpretativa aberta e coletiva.

Leitura como Prática Social: Foucault afirma que a leitura é moldada por práticas sociais e culturais. No Tarot, isso pode ser visto nas tradições e simbolismos que influenciam a leitura, assim como nas expectativas culturais e pessoais que o consulente traz.

3. Paul Ricoeur – Hermenêutica e Narrativa

Interpretação de Símbolos: Ricoeur defende que os símbolos possuem significados profundos e múltiplos. No Tarot, os arcanos funcionam como símbolos arquetípicos, representando aspectos da psique. A prática hermenêutica no Tarot envolve a descoberta de significados ocultos nas cartas.

Narrativa como Estrutura Interpretativa: Para Ricoeur, a narrativa é essencial para dar sentido à vida. Em uma leitura de Tarot, constrói-se uma narrativa que ajuda o consulente a reorganizar sua própria história, criando uma estrutura coerente que dá sentido a suas experiências.

Distanciamento e Apropriação: Ricoeur sugere que a interpretação envolve primeiro um distanciamento (ver a carta como símbolo externo), seguido da apropriação (relacionar o símbolo com a própria vida). No Tarot, o consulente primeiro observa os símbolos das cartas e, em seguida, começa a integrá-los à sua própria experiência pessoal.

Conclusão: Relevância dos Autores para o Tarot como Hermenêutica

1. De Gadamer, extraímos a ideia de que a leitura de Tarot é um processo dialógico, onde tarólogo e consulente colaboram para construir significados. A fusão de horizontes destaca que cada leitura é única, e resulta da interação entre o contexto do consulente e as experiências do tarólogo.

2. De Foucault, aprendemos que a leitura de Tarot deve ser uma prática interpretativa aberta, sem se fixar num significado autoritário. O tarólogo actua como mediador, e múltiplas interpretações são possíveis, influenciadas por factores culturais e sociais.

3. De Ricoeur, absorvemos a importância da interpretação simbólica e narrativa. O Tarot ajuda o consulente a revisitar a sua própria história, descobrir novos significados e criar uma narrativa que faça sentido na sua vida.

Esses três autores oferecem uma perspectiva entiquecdora para compreender o Tarot como prática hermenêutica, enfatizando a interpretação simbólica, a construção narrativa e o diálogo no processo de leitura.


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